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Jornal O globo – RIO – Você sai de casa com uma quantidade de tarefas a fazer que, só de pensar, dá vontade de dar meia-volta. Não bastasse isso, ao longo do dia, surgem outras, inesperadas. Uma notícia ruim ou uma resposta grosseira do colega de trabalho ou do chefe passam a incomodar ainda mais. No fim do dia, você se dá conta que esqueceu de almoçar. O impacto do excesso de trabalho sobre a saúde dos trabalhadores é, hoje, um dos mais graves problemas que as empresas enfrentam.
No aspecto psicológico, a síndrome de burnout – considerada por muitos médicos e demais especialistas a doença do século XXI – é o pior mal que um trabalhador pode adquirir. A enfermidade atinge os chamados workaholics, isto é, viciados no trabalho, e atua em três fases distintas: primeiro a ansiedade, depois a angústia e, finalmente, a depressão. Os sintomas costumam surgir devido ao excesso de horas no trabalho, que diminui o tempo para a vida social.
O tempo que um paciente normalmente demora para perceber os seus sintomas é o que mais dificulta o tratamento por psicólogos. A dedicação à profissão, mesmo que esta exija um número mais do que suficiente de horas durante o dia, faz o trabalhador esquecer de cuidados básicos com a saúde, como higiene e alimentação.
Um dos sinais que podem indicar a síndrome de burnout é a falta de sono. O uso de remédios para dormir muitas vezes passa a ser comum. A concentração também passa a fugir em diversos momentos e a memória é afetada. Os horários de alimentação passam a ser trocados e a vida social é jogada para segundo plano. Segundo a psicóloga Silvânia Brígido, há uma “despersonalização” do indivíduo. Por isso é fundamental, diz ela, reservar um horário para o lazer todos os dias.
– A síndrome de burnout é diferente do estresse, em que uma pessoa está num emprego que não necessariamente gosta. No caso do burnout, é justamente o problema de o indivíduo ficar tão concentrado no trabalho que o prejudica – comenta.
O excesso de trabalho, portanto, tem um resultado paradoxal: o ritmo de produção acaba ficando menor e os resultados passam a não aparecer. Mas qual o papel das empresas nestes casos? Muitas instituições estão profundamente preocupadas em propiciar o lazer de seus funcionários, oferecendo academias de ginástica, espaços “zen” e áreas de entretenimento.
Mas, ainda que esses mimos sejam oferecidos aos profissionais, as empresas no Brasil, de maneira geral, parecem não saber lidar com os problemas psíquicos gerados pelos excesso de trabalho. É o que diz a gerente executiva da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Priscilla Telles:
– Não vejo as corporações preparadas para apoiar esses profissionais. Normalmente, as síndromes aparecem em função do excesso de produção. É um tema complicado, mas não vejo uma preocupação adequada. O primeiro passo, aliás, é não discriminar os indivíduos que passem por este tipo de problema.
Alimentação inadequada também pode prejudicar o desempenho:
A preocupação com a alimentação é essencial para evitar problemas intestinais e falta de disposição durante as horas de trabalho. Todos conhecem aquela pessoa que, de tanto focar no emprego, acaba por esquecer de fazer refeições como o almoço e o lanche. O ideal é que algo seja digerido a cada três horas para manter o metabolismo. Não é nada complicado manter uma ou duas frutas dentro da mochila ou bolsa, diz a nutricionista Luciana Harfenisst, diretora da Funcionali Consultoria e Nutrição, mas se for o caso, o desjejum, no início do dia, deve ser reforçado em proteínas e carboidratos.
– globo.
Em relação à água mineral, ela ressalta que é necessário ingerir dois litros todos os dias. Com a rotina geralmente intensa de trabalho, porém, os funcionários simplesmente se esquecem de beber um copo que seja. Nestes casos, uma boa ideia é manter uma garrafinha sobre a mesa para se lembrar de que é preciso beber água constantemente.
– E se a urina estiver amarela demais, é um sinal urgente para correr ao bebedouro – conta Luciana.